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Chegou a hora de deixar a casa dos pais e partir para a vida em voo solo? Antes de qualquer coisa é preciso saber quanto custa morar sozinho e como se planejar para essa nova fase
por Vanessa Ferreira
Atualizado em 11 de fevereiro, 2021
Em meados de 2018, a publicitária Amanda Fernandes, de 26 anos, tomou uma das decisões mais importantes de sua vida: sair da casa dos pais. Buscar a independência e ter a privacidade foram os motivadores para essa nova experiência. Passado um ano dessa nova vida, Amanda relembra: “quando me mudei, não tinha noção de quanto custava morar sozinha.”
A consciência financeira é o primeiro passo para entender quanto custa morar sozinho. Mas, calma, com um bom planejamento é possível pagar as contas e curtir os benefícios dessa nova fase de vida.
“Eu tinha uma ideia romantizada de como seria ter o meu espaço. Me apeguei ao que vemos nos filmes: chegar em casa, com tudo em ordem, poder receber os amigos e conseguir conciliar o trabalho e as rotinas da casa”, diz a publicitária. “Hoje, eu percebo que poderia ter me planejado melhor, já que precisei abrir mão de alguns luxos para manter as contas em dia”, explica.
A experiência de Amanda é mais comum do que imaginamos. Em 10 anos, o número de pessoas que vivem sozinhas no Brasil saltou de 10,4% para 14,6% da população, segundo o IBGE. No entanto, de acordo com o último levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), morar sozinho contribuiu para que 34% dos entrevistados ficassem endividados.
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A especialista em finanças e criadora do projeto Ter Dinheiro é Liberdade, Cirlene Carnielli, esclarece que, embora morar sozinho ofereça uma sensação de liberdade, também envolve muitos desafios e habilidades como autocontrole, autoconhecimento e resiliência.
“É um momento em que as pessoas conseguem crescer e aprender a lidar com todo tipo de dificuldade, inclusive financeiras. Também é uma fase para dar mais valor ao que antes passava despercebido na casa dos pais", completa.
Para que essa tal liberdade não vire uma prisão, ela aponta que a lição fundamental é fugir dos gastos desnecessários e estar no controle da própria vida financeira.
Entre as despesas de manter uma casa por conta própria está o tipo de moradia. Se não for possível comprar um imóvel à vista, muitas pessoas recorrem ao financiamento ou aluguel. Esse é, sem dúvidas o principal custo de morar sozinho. Na hora de pesquisar por um lugar, tenha em mente que os dois fatores que mais influenciam o preço do aluguel são localização e tamanho.
O tipo de transporte utilizado diariamente é outro custo que também deve ser levado em consideração. Seja por meio do transporte público, seja para o pagamento da gasolina de um veículo, já que fazem uma grande diferença no orçamento do mês.
Se você ainda não comprou ou alugou a sua nova casa, é importante considerar a localização e os custos com transporte. Às vezes, pagar um pouco a mais para morar perto da empresa pode ser um bom negócio para economizar com transporte e ter mais qualidade de vida.
Os gastos com alimentação também devem ser contabilizados. Seja no restaurante ou em casa, os custos da comida passarão a ser sua responsabilidade quando você “sair de casa”. Para se ter uma ideia, segundo a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, os brasileiros gastavam 16,1% de sua renda com alimentação.
Preparar sua própria alimentação costuma ser mais barato. Nos gastos do supermercado, inclua os produtos de limpeza, como sabão para lavar roupas, desinfetantes e detergentes. Esses itens costumam ser caros e aumentam bastante a conta do mercado.
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Contas de água, luz e gás também entram nesse cálculo. Os serviços são essenciais em casa, e podem ser cortados caso não sejam pagos em dia. O mesmo vale para a internet, telefone (móvel ou fixo) e TV a cabo.
Após colocar todos esses custos no papel, é importante avaliar quanto eles representam na sua renda mensal. O ideal é que não ultrapassem mais da metade do seu orçamento.
Lembre-se de que, além dos gastos com a casa, é muito importante você ter dinheiro para investir em lazer, educação e em seus planos de curto, médio e longo prazo.
A decisão de morar sozinho envolve muitas mudanças na rotina e, também nos hábitos. Para garantir a saúde financeira e o controle das finanças, Exponencial listou alguns hábitos que devem ser revistos:
Fazer uma compra grande no supermercado é uma prática comum em famílias com muitos integrantes. No entanto, não é recomendado comprar alimentos para o mês inteiro quando se mora sozinho, principalmente os perecíveis.
Além de estragarem rápido - ou seja, é dinheiro jogado no lixo -, com certeza você vai enjoar de comer as mesmas coisas durante muitos dias seguidos. Se preferir aproveitar promoções ou comprar no atacado, direcione essas compras a produtos de limpeza e cuidados pessoais.
Na hora das compras, às vezes é preciso deixar algumas marcas de lado para pesquisar e procurar outras alternativas com melhor custo x benefício. Você pode se surpreender com produtos da concorrência que oferecem preços melhores e qualidade similar ou até superior.
Na hora do aperto não entre no cheque especial, não ultrapasse o limite do cartão e não atrase contas. Esses hábitos podem virar uma bola de neve e é o caminho para o mau endividamento.
Adquira novos costumes e registre todos os seus gastos mensais. Pode ser em uma planilha ou mesmo em aplicativos dedicados a esse fim. Tenha a consciência do quanto você gasta mensalmente para manter sua nova casa.
Telefone, internet e TV a cabo são exemplos de serviços que podem ser negociados. No mercado, não é difícil encontrar ofertas de pacotes de TV, internet e telefone juntos.
Por isso, é sempre válido pesquisar preços e negociar com a empresa de sua escolha. Os descontos trazem um verdadeiro alívio no orçamento.
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Quando não possuímos muitas obrigações financeiras é normal optarmos por gastos considerados supérfluos. O delivery de comida, o aplicativo de táxi, o streaming e até a faxina profissional semanal, são gastos que podem ser revistos.
Olha a conta! Deixe para trás o hábito de tomar banhos muitos longos. Esse gasto é um dos vilões que elevam a conta de energia elétrica ou gás. O mesmo vale para o uso de água. O planeta também agradece.
Pelo menos nesse momento inicial da vida financeira em voo solo, o carro pode não ser a melhor decisão - somente se ele for o seu instrumento de trabalho, um grande sonho ou, claro, se você já tiver um.
Isso porque os gastos de morar sozinho, somado com os custos fixos do carro, como seguro, IPVA, manutenção e etc, podem virar uma bola de neve, caso você não consiga estruturar o planejamento financeiro.
Avalie o uso de transporte público e/ou aplicativos de carona. Colocando na ponta do lápis, o custo pode ser bem menor nesse primeiro momento, que investir na compra de um automóvel.
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